QUANDO ENFIM PAGAMOS A CONTA

Não é quando finda a música

que a melodia da vida

no decorrer de sua sonoridade

escorre por completo;

como se assim fosse

harmonia perfeita de um cantarolar

ainda que inacabado

prematuro e ingênuo

sem astucia de consigo, completar o verbo;

o que se ouve por último

é sustenido maior que o menor

é o desejo em ouvir sua respiração

mesmo que seja na última hora

o que lhe agrada

pois só lhes resta estar vivo

depois nada mais

assim sobrevivo,

aumenta exageradamente autoestima

por saber que ainda respira

deseja ouvir as pessoas

não pode

lhe foi revogado este direito

quis então balbuciar palavras

impossível

pensou estar entregue à deus

piorou

procurou ascender as luzes

por fim se deu conta

de que seu último suspiro, pagou a conta

saiu de fininho

não se despediu

morreu na cama sozinho

a ver navios...

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 25/03/2015
Reeditado em 17/03/2017
Código do texto: T5183328
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