Deserto errante

Serpente escreve linhas sobre a areia

onde o vento as apaga sem deixar vestígios,

e o mar do sentimento nunca se enleia

onde não há oásis e os ares são litígios

ao som da tempestade onde não há a chuva

e os grãos são de areia pois não há o trigo,

instante de levar à vida real perigo,

quentura de causar queimadura em luva

nas mãos tornadas chagas sem furo de prego,

sob sol inimigo traduzido ao cego

que via na serpente refulgência e afeto;

enquanto a boa água bebida em chamego

dizia: - Vem amor, aqui, nada te nego,

vislumbremos estrelas sob mesmo teto.

Sem ter mais ânimo pra ser alguém diverso

ao lugar comum onde nada foi encontrado,

pois tal lugar somente era estar disperso.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 10/03/2017
Código do texto: T5936752
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