Lentas Madrugadas

Cerram-se caladas todas as portas
Sob os ecos disformes amarelados
Rastejam perdidos muitos sonhos
Amores vivenciados em pesadelos.

Atordoadas estrelas buscam a lua
A procura da nudez que as reveste
Generosas lançam fios iluminados
Lumiar anuncia a lenta madrugada.

Encantos em cantos abandonados
Arriscam incompreensíveis canções
Espetáculo para um público insano
Sob os olhos compridos da solidão.

Nômades enfileirados nas calçadas
Entoam desafinados longas canções
Indiferentes às lágrimas da bailarina
Perdida na esquina sob tristes véus.

Ana Stoppa
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 17/05/2017
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