Solidão II
Tantos versos fiz mergulhado na escuridão
Inúteis ecoando em paredes frias
Aflitos, aspergidos em papel de pão
Nas sombras inconfessáveis dos meus dias
E essa Solidão companheira
Que se alimenta do meu suplício
Destroça meu coração na fogueira
Aquecendo-o em gelo, atroz artifício
E com essa Solidão dialogo em vão
Pois encontro-me louco ou inerte
A Solidão tirou-me a razão
E com a Morte quer que eu flerte
Estou cansado, na beira do precipício
E sua escuridão me parece tão intensa e sublime
Tão desejada como um breve armistício
Olho para a Solidão que me liberta de todo crime
Abraço-a e me atiro ao denso abismo frio
Em velocidade vertiginosa despencamos
A escuridão aumenta, sufoca como caudaloso rio
Nos permitimos um último beijo e enfim ao fundo chegamos...