Solidão II

Tantos versos fiz mergulhado na escuridão

Inúteis ecoando em paredes frias

Aflitos, aspergidos em papel de pão

Nas sombras inconfessáveis dos meus dias

E essa Solidão companheira

Que se alimenta do meu suplício

Destroça meu coração na fogueira

Aquecendo-o em gelo, atroz artifício

E com essa Solidão dialogo em vão

Pois encontro-me louco ou inerte

A Solidão tirou-me a razão

E com a Morte quer que eu flerte

Estou cansado, na beira do precipício

E sua escuridão me parece tão intensa e sublime

Tão desejada como um breve armistício

Olho para a Solidão que me liberta de todo crime

Abraço-a e me atiro ao denso abismo frio

Em velocidade vertiginosa despencamos

A escuridão aumenta, sufoca como caudaloso rio

Nos permitimos um último beijo e enfim ao fundo chegamos...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 27/01/2019
Reeditado em 27/01/2019
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