Solidão III...

Na ausência dos rostos que eu outrora amava

Reviro-me em noites em claro e angústia

A solidão é um fantasma que ainda me tortura

E eu não sei se o silêncio é loucura, eu não sei...

Mãos que se separam, abraços que esfriam e um passo em falso

Um mergulho sôfrego em direção ao abismo que me domina

Meu coração com certeza foi arrancado e o vazio é maior do que posso suportar

Não foi o caminho que eu escolhi, mas a solidão é o prazer que me resta...

As lembranças são como quadros de Kandinsky que eu não consigo entender

Embaralhadas dentro do caos que representa meus sentimentos

Eu não sei por quanto tempo ainda irei aguentar tamanha desolação

E eu não sei se a solidão é loucura, eu não sei...

Costumo representar a solidão na forma de uma rosa negra

Assim como a luz me falta, o vermelho da paixão não consegue mais me inundar

E o meu coração.... Ah meu coração!

Como vidro está quebrado em pedações suficientes para não ser consertado...

Ainda me recordo das tristes despedidas.... Foram tantas!

Na última estranhamente vi meu rosto espelhado na face do meu amor

Uma visão sórdida do abandono com que fui presenteado ao nascer

No fundo, eu estava me despedindo de mim...

A solidão vestiu-se como uma senhorita esquálida e desajeitada veio comigo dançar

Agarrou-me com tanta força que em uma doentia simbiose nos fundimos

Nos tornamos um único ser inundado de infelicidade e desolação

Assim percebi que só a solidão não me abandona...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 15/12/2019
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