Vorazmente Solitude

A solidão voando acima das planícies

Visou a chaga do meu pobre coração;

E qual abutre sob a luz das imundícies

Pousou as garras neste hórrido porão!

E desde então eu me tornei um santuário

De uma triste e enlutada aclamação;

Onde meu peito como um turibulário

Evola preces pelo céu da Danação !

Expio a treva obumbrar o meu destino!

Eclipsado numa eterna escuridão;

A esperança dos meus tempos de menino!

É um cadáver ofertado à podridão !

A Soturnice Solitária que me habita

Se abre toda à maneira de um pavão!

E a largos passos, furiosa e inaudita

Calca m'alma sem nenhuma compaixão!

Moreira Júnior
Enviado por Moreira Júnior em 25/01/2023
Reeditado em 26/01/2023
Código do texto: T7704033
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