Presente que não passa
Presente acavalado no presente
em marcha, trote, galope, stop,
cavalgada, até haver relincho
dalguma fala mal ruminada.
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Palavra como falso livramento,
remoendo a lama estagnada,
ou areia do tempo movediça
para afundar quem fala (e falha).
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Presente como eterno rascunho,
capaz de abolir o pulso e o sono;
sonhos que se tornam enovelados
como o labirinto de reentrâncias.
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Águas sob as pás do moinho
como se mesmas em rodízio,
redemoinhos d’águas reaproveitadas
até a mais completa inadequação.
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Águas que falsamente matam sedes,
antes de esquecidas no escoamento,
águas que negam a clara verdade:
Águas passadas não movem moinhos.