Netuno
A embicagem do navio na enseada
espera a atracação pelo costado,
o cais é pedra, não é gelo ou barro,
fainas dos marinheiros, reverência
à terra do retorno ou a da chegada
e então suave jogo da protegida
nave por suas defensas e amarras.
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Marujada descendo pela ponte
após baldeação limpar o salitre
até o navio brilhar no cais do porto.
O cais não é o colo da mulher amada,
é o destino de quem vai ou chega;
inigualável limite tênue ou duro
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para quem dividido segue a viagem
sobre pulsos marítimos de surpresas
desde a camaradagem ao distante
mar, estrangeiro porto ou de casa,
onde a solidão se naufraga e afoga
nos braços das Marias de cada porto
para quem não guarda presente
a mulher amada nas distâncias,
enquanto quem ama enfrenta o mar
tranquilo como o tritão de Netuno.