festa da poesia

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a porta do momento, aberta à força

contra a impedância das folhas chaveadas

onde as anotações são de memorial

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para que não hajam falhas na lembrança,

se fecham e se abrem de forma sanfonada,

não sem dor, tentam as letras da poesia

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embaralhadas como num jogo de cartas

marcadas, onde é tentada a sorte do coringa,

como se na essência não houvesse nada.

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e a cada folha é escrita uma epístola,

como se cada carta tivesse o destino

da garrafa lançada ao mar levando âncora

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para só ser achada pelo escafandrista

imerso no azul que sobe lento à superfície

na qual exista um porto para ser lido

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por abraço aberto em forma de enseada

para ver, talvez, um rosto em sorriso,

de repente, depois de haver o esforço

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do poema diante do raro reconhecimento

de que a poesia é o que é necessário

para sermos melhores do que sempre fomos

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no instante em que a folha é aberta

como se fosse porta de saída ou de entrada

ou vão em que nada é vão na vida.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 21/03/2022
Código do texto: T7477887
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