Maligno Incremento

O amor não alcançado tem seu peso;

Um sucumbe, outro apenas lhe atura

Mas a carga inominável do desprezo

Fere a honra e da razão os olhos fura!

Sempre há em derredor um conhecido

Que choraminga do amor a desventura,

Que berra ao mundo como é desiludido,

Se punindo, pois quem ama se tortura!

Ou há aquele que andava convencido

De que o fracasso do amor não logra cura

E pelas chamas desta idéia consumido

Se ofertou à treva vil da sepultura!

Já o desprezado cujo orgulho foi ferido,

O tempo inteiro de domingo à domingo,

Pensa naquele que deixou-lhe ofendido

E balbucia: juro à Deus como me vingo!

Ainda ama quem sofreu a rejeição!

Se não se mata vai andar noutro caminho

Mas o negado com desprezo, faz um ninho

De ódio eterno no covil do coração!

Sem sua ira mitigar não quer morrer

E fica o ódio em sua cama a sussurrar:

"Há episódios em que temos que matar

Em que a vingança é o aval para viver!"

Moreira Júnior
Enviado por Moreira Júnior em 20/07/2022
Reeditado em 20/07/2022
Código do texto: T7563544
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.