A dama de Jardim da Penha, Vitória.ES.

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Entre os desprezos pelos dramas

da vida, caminha solitária a herdeira

duma pequena fortuna,

pobre no mais, embora possessiva

em relação a quem se aproxime dela.

E eu caído em rede por buscar

repouso, apenas olho-a, observo.

O céu alarga o meu sentimento,

o chão é pouso de quem não voou

para ao ponto de impossibilitar

o passo. Ela não sabe abrir a porta,

muito menos abrir a cortina do teatro.

Onde ela mora há anéis de praças,

rotatórias nas ruas para as curvas

dos carros. Entradas e saídas.

Várias vezes houve despedidas,

mas, ao fim, ela me procura de volta

cada vez mais calma, resignada.

Jardim da Penha parece labirinto,

ela não espera de mim o Minotauro,

nunca vivi, como ele, a solidão.

Meus dramas vêm de relações

familiares, sociais e humanas.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 03/08/2022
Reeditado em 13/03/2023
Código do texto: T7574255
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