A dama de Jardim da Penha, Vitória.ES.
-
Entre os desprezos pelos dramas
da vida, caminha solitária a herdeira
duma pequena fortuna,
pobre no mais, embora possessiva
em relação a quem se aproxime dela.
E eu caído em rede por buscar
repouso, apenas olho-a, observo.
O céu alarga o meu sentimento,
o chão é pouso de quem não voou
para ao ponto de impossibilitar
o passo. Ela não sabe abrir a porta,
muito menos abrir a cortina do teatro.
Onde ela mora há anéis de praças,
rotatórias nas ruas para as curvas
dos carros. Entradas e saídas.
Várias vezes houve despedidas,
mas, ao fim, ela me procura de volta
cada vez mais calma, resignada.
Jardim da Penha parece labirinto,
ela não espera de mim o Minotauro,
nunca vivi, como ele, a solidão.
Meus dramas vêm de relações
familiares, sociais e humanas.