A rotina
Mares de véus suavemente fazem das águas
carícias quando ocupam os sonhos
para sumir na bruma de quatro paredes
onde não há tempestade e o naufrágio
é de outra natureza emergente e além
da busca duma praia ou de uma rocha
onde nem a pequena morte é possível
as curvas são componentes de cintura
quando os braços dela formam enseada
e o que é submerso se revela hígido
quando a beleza é em sua força e essência
a fantasia é apenas pulso e sentimento.
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O olhar não se seduz se apenas brilha,
acolhe a escuridão e apaga os faróis,
enxerga assim melhor que olhos abertos
quando os ouvidos escutam o silêncio
feito antes, como forma de respeito
ao que sucede dentro e é centelha
capaz de acender a pira do peito.
Enquanto o mundo acorda para o sábado
e a pele se ilumina sem bruma de dentro.
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Para que a bruma seja sempre festejo
desde onde a escuridão guarda as vísceras
habitando entre elas essencial espaço
para que o plexo solar ilumine o alto
no encontro entre o apolíneo e o dionisíaco,
quando o céu é margem e mero limite
o mar se sobressalta de contentamento,
trazendo o próprio fundo a participar
de um dia alegre que virou, então, rotina.