Equidistantes

Até logo, minha filha, doce, meiga e bela,

não pude mais morar no Rio de Janeiro,

deixei de ser há muito carioca inteiro,

o mundo para mim abriu outra janela.

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Até logo, caçulinha de cabeleira ruiva,

tua irmã é a minha primogênita,

tão boa quanto ela és também bonita,

minha dor é alegria no peito que uiva.

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Verônica é carioca, mora em Botafogo,

Vivien é baianinha e é amazonas,

ambas do coração meu são donas,

a vida no convés faz-me aceitar o jogo.

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Agora Vivien mora em Belo Horizonte,

meu coração marinho irá visitá-la,

tenho a voz embargada do que se fala,

de mim duas nasceram desde a mesma fonte.

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O destino me quis no Espírito Santo,

aqui também tem praia, também tem horto,

todo marujo sabe o seu último porto,

é de dor e alegria, hoje, o meu canto.

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Há a missão cumprida e céu novo aberto,

o aperto no peito é breve e passageiro,

o tempo em mim é longo, nunca foi ligeiro,

mesmo agora em que vocês não estão perto.

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O que se alonga hoje é minha ternura,

não peso a ninguém e a mim sobrevivo,

saudades da saudade não ouvirão um uivo.

o amor paternal é o tempo que dura.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 26/08/2022
Código do texto: T7591694
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