Dia dos pais

Um ladrido de sinos no domingo

espreguiça mais cedo o pai, hoje,

mas a Igreja ainda está dormindo,

quem badala é o coração do homem.

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Já foi filho, já foi pai, agora é avô,

já nos deu o lácteo véu da mãe

nas noites em que desejava o amor,

trabalhou até o fim dos dias que caem

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para os filhos organizá-los na memória,

mesmo se possuírem grenha alva,

longe do tempo em que a infância corria

sem nunca escorregar na estrada calva.

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Mais que a língua, mitos, pais são ícones,

dentro do céu da boca nos dão as palavras

com as quais atravessamos os ciclones,

como se os pais fossem portas e aldravas

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onde as nossas mãos encontram asas

para abrir a presença do amor ou da saudade.

Quem tem pai tem ao menos duas casas,

maldigo o pai que traia essa verdade.

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Minha mãe amou meu pai até o fim dos dias,

desse amor nasci, nasceram meus irmãos,

relembranças acendem luzes claras, luzidias,

hoje passeio com o pai e nos damos as mãos.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 27/08/2022
Código do texto: T7592045
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