Pureza

(Saio da concha, o mar não me conferiu

a pérola, nem riqueza(: as intempéries

foram mais no convés e nas fainas

de marinharia, antes assim, os seres

abissais conheci desde dentro dos outros.

Seria infenso à incoerência não ter erros,

alguns desde as ondas no costado,

outros na cabotagem ou na atracação.

Mas se não houve no passadiço a lógica

da razão cínica, o porão do navio

não assusta, nele há a caverna mestra,

o mar nunca chegou a ser o estertorar

das velas dos pulmões, bafejar ventos

de amarujem nem sempre é bom hábito,

muitas vezes demandar o mar foi meio

a névoa resinosa outras a céu aberto,

só soube tudo quem também foi

superfície no despertar do maremoto

para ajudar no controle do tráfego

marítimo ou sobre as penhas submersas,

quando havia o risco de ser rasgado

o casco. O fiel da aguada não cuida

da água do lastro, só da água bebida.

Só deve sair da boca a palavra pura.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 05/11/2022
Código do texto: T7643367
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