Pureza
(Saio da concha, o mar não me conferiu
a pérola, nem riqueza(: as intempéries
foram mais no convés e nas fainas
de marinharia, antes assim, os seres
abissais conheci desde dentro dos outros.
Seria infenso à incoerência não ter erros,
alguns desde as ondas no costado,
outros na cabotagem ou na atracação.
Mas se não houve no passadiço a lógica
da razão cínica, o porão do navio
não assusta, nele há a caverna mestra,
o mar nunca chegou a ser o estertorar
das velas dos pulmões, bafejar ventos
de amarujem nem sempre é bom hábito,
muitas vezes demandar o mar foi meio
a névoa resinosa outras a céu aberto,
só soube tudo quem também foi
superfície no despertar do maremoto
para ajudar no controle do tráfego
marítimo ou sobre as penhas submersas,
quando havia o risco de ser rasgado
o casco. O fiel da aguada não cuida
da água do lastro, só da água bebida.
Só deve sair da boca a palavra pura.