O beijo do desejo

Não aja como calidoscópio. Oh, seja a imagem

que o conforte. Os olhos alheios não são

de vidro para girarem coloridos aos pedaços.

Na luta entre a compulsão e a vontade

quem determina a vitória plena é o desejo.

A compulsão só não é maior que a vontade

quando o que se deseja não está reprimido.

O olhar nem é sempre mais sincero que a boca

e o como se vê as coisas é o nosso espelho.

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Não ceda tudo ao poder das circunstâncias,

a resistência serve para não queimar a luz,

é tão bonito ver a arandela acesa no corredor

a caminho da sala e da porta de saída,

que isso faz acontecer o viver pleno

não permitindo a fuga para dentro ser

para fora, porque o esôfago nunca é caminho.

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Para as cores dos gestos mais que das roupas

a noite se aninha ao sonho claro do lençol,

além de tudo aprendido no quadro-negro

da aula, há o que nos ensina a própria

existência. O céu maior que o mar divisado

às vezes é menor do que um lugarejo antigo.

E isso não é apenas uma questão de berço.

Na metrópole, hoje em festa, caí nos braços

estendidos até à ponta dos meus próprios

dedos. Com os lábios beijei o sorriso eleito.