Matando a Saudade

(*Elias Alves Aranha)

Naquele dia matei a saudade,

Do tempo em que morei na roça,

Tomei a água de pote,

O café quentinho da hora,

Passei a chuva na choça,

Vi a água limpinha a correr,

Cortei a lenha a machado,

Apreciei o gado o capim a verde a comer,

Data em que ficou registrado,

Retratando o meu passado.

A floresta verde da serra,

Na cabeceira da fazendinha,

O cheiro da flor de laranjeira,

A estrada lisa, de terra,

O cacarejar das galinhas,

O rangido no abrir da porteira,

O cantar do galo no terreiro,

O bem-te-vi na goiabeira,

O vento assoprando no coqueiro,

E vaca amamentando o terneiro.

Que vida gostosa essa!

Eu exclamava embevecido,

Onde a lida não exige pressa,

E a mulher acaricia o marido,

Onde o homem aprecia o luar,

Com o amor puro e verdadeiro,

No cheiro da relva faz à preliminar,

A noite sentados no terreiro,

Logo mais unir-se hão a se amar,

No aconchego abraçar, dormir e sonhar.

Elias Aranha
Enviado por Elias Aranha em 22/11/2019
Reeditado em 24/05/2024
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