Lá onde os olhos do dia,

Vêem a boca da noite

Na barriga do monte

Está prenhe a lua

com as mãos de vidro.

Lá onde o rio chora.

E o mar dança

Nos braços da ternura,

Se esperguiça o vento

Nas tranças de tristeza.

Lá onde o navio grita

E o barco tem medo

Se vê uma nuvem de prata

Como charcos de papelão

Nos seios da madrugada.

Lá onde nos ombros da casa,

com janelas de Solidão

E as cortinas de aço

Próvem um cálice d'amargura,

E no céu de purpurina.

Lá onde os vdros de platina,

como cortiças de safira

Naquelas mãos de rubi

São como umas jóias de segredo

Onde segredam as noites.

LUÍS COSTA

TÓLU
Enviado por TÓLU em 14/03/2020
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