O meu tempo e o seu

Tenho me dedicado a explorar

Um milhão e meio de galáxias

Mas isso cansa minhas retinas

Tantos brilhos interessantes

Tantas estrelas de rara beleza

Cansa, é verdade, mas não desanima

Tenho me dedicado a ser correto

E tomar as melhores decisões

Depois de tanto errar na vida

Resolvi seguir um caminho mais honrado

E isso cansa, o mundo pesa nos ombros

Pois o acerto alguns dizem que é divino

Enquanto o errar é plenamente humano

Tenho me dedicado a viver praticando a empatia

Como uma filosofia viva e de grande importância

Mas apesar da empatia ser uma urgência

Me cansa ver o egoísmo reinando no mundo

Tenho me dedicado as verdadeiras musas

Seres que inspiram a poesia, seres necessários

Mas o peso de dar a cada uma o valor real

O valor imaginário ou apenas informal

Exige grande esforço, pois preciso ser leal

O que preciso agora e é urgente

É poder seguir em direção ao mar

Sentir o Sol e todo seu poder presente

E em nada de complicado pensar

Sim, eu preciso desse tempo

Preciso do meu tempo de paz

E se na beira do mar, isso não for demais

Preciso esquecer do passado

Do presente e do futuro complicado

Que vislumbro no coração da humanidade

Preciso de tão pouco, preciso da simplicidade

E assim quem sabe em meio a ingenuidade

Eu possa contemplar o som da verdade

Um som que é muito particular

Pois verdade, cada um tem a sua

E se a beira do mar minha alma possa ficar nua

Estarei pleno, despido de máscaras

Serei o que realmente sou

Alguém simples e do amor enamorado

Vislumbrarei o quebrar das ondas

Que por milhões ou bilhões de anos

Nos presenteou com a areia macia para pisar

Estarei sim, refletindo sobre o mundo

Mais leve e menos caótico, simples como deve ser

E se por acaso eu merecer uma leve brisa

Ficarei até a noite esperando a maré

Que ela suba suave junto com a lua, fazendo seu balé

E quero tão pouco, repito, de pouco preciso

Não quero o mundo sobre os meus ombros

Não quero viver o assombro de uma geração perdida

Quero apenas que a natureza me toque

E que eu a toque com serenidade

Pois a agitação dos meus dias

A pressão desmedida da competição

Não fazem bem a ninguém, e assim pensem

Pensem que é necessário ter um momento só seu

Um momento que não envolva os males da Terra

Mas sem egoísmos, sem distanciamento

Apenas deixe que verdadeiros sorrisos

Os deixem perplexos com o poder da simplicidade

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 24/07/2020
Reeditado em 24/07/2020
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