Uma carta a Gonçalves Dias

Nobre colega Gonçalves Dias, desejo lhe informar que a tua terra está passando pelo um processo de destruição terrível, por essa razão me sinto na obrigação de fazer uma paráfrase com o seu poema. Tão lindo que é, porém não condiz com a nossa realidade. Minha terra não é como a tua, existe uma diferença exacerbada entre ambas.

Na minha terra não tem palmeiras,

Sabiá, muito menos;

As aves?... Ah, aves!

.... - elas não sabem mais gorjear

Talvez porque não tenha motivo para gorjear

Na minha terra, Gonçalves Dias.

Tinha macambira, tinha mandacaru,

Surucucu, quiabento, sanjueiro ou São João.

Tinha também aveloz (avelois)...

Hoje, dificilmente se vê uma planta destas.

Na minha terra, Gonçalves Dias.

Os preás corriam entre as macambiras

Hoje, eles estão quase extintos.

Nosso céu, Gonçalves Dias.

Não tem mais tantas estrelas,

Ou...

“Pelomenos”...

Elas foram encobertas pela fumaça

Nosso céu agora não é mais azul,

É enegrecido.

No nosso céu tem um enorme buraco

Por esse buraco o homem não pode

Ligar-se a Deus

Pois esse buraco é o da

Camada de ozônio

Nas nossas várzeas não tem mais flores

E se queremos flores

Temos que ir às lojas

De flores artificiais

Na minha terra tem

Muitos rios poluídos

Tem muito desmatamento

Tem traficantes de animais silvestres

Tem vazamento de óleo no mar,

Mas Palmeiras? Onde canta o sabiá?

- não! Não tem.

O IBAMA esta em greve

Nada contra o fazer greve

Já que é de greves que vive o Brasil

Mas o IBAMA está em greve!

Querem dividir o “IBAMA”

Fazer lá, sei o quê?

Criar o Instituto Chico Mendes?

É Chico Mendes!

Nem você sobreviveu.

Gonçalves Dias, eu tento

Compreender a tua saudade

Na “Canção do Exílio”

Mas se tu vivo estivesses

Escreveria uma outra Canção do Exílio

Mesmo morando na sua própria pátria.

Aderlan Gonçalves
Enviado por Aderlan Gonçalves em 16/09/2010
Código do texto: T2502541
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