Meninas do Sisal

Menins do Sisal

Aos quatorze anos

Não tem mais infãncia

E a adolescência se perde

Nas colheitas do sisal.

O único professor que teve

Não lhe ensinou o que mais queria

Também ele não sabia.

Nas mãos o vermelho

Do sangue derramado

A cada espetada

Das folhas do sisal.

Desconhece o branco do giz

E para que serve

Nem o bê a bâ das escolas,

Mas tem lá os seus sonhos.

Sabe contar o tempo que leva

De uma colheita a outra,

E as cantigas de roda dos mais velhos.

Há muito tempo esqueceu

O que é brincar, e agora seu único sonho

É um dia aprender a ler e escrever.