PERDI A FOME
De: Ysolda Cabral
 
 
 
Tão abandonado e sozinho,
Estava o menino com seu gatinho,
A dormir na calçada da ponte,
Em pleno meio dia de sol escaldante.
 
Se dormia o sono dos justos,
Ou o sono do cansaço, do descaso,
Ou do completo desengano;
Eu não saberia precisar.
 
Provavelmente o sono da fome.
Mesa farta dos miseráveis,
Onde a sobremesa que apraz,
É o desejo de não acordar mais.
 
Passei por ele devagar,
E de repente me dei conta:
Eu estava indo almoçar...
Perdi a fome.