A cidade vista do céu

Essa cidade vista de cima não tem o menor brilho, como quando de entre os prédios, durante a quebra de seu tédio

- perante arquiteturas e fissuras

magistrais.

O café mais chique

nem o barzinho com amigos

é capaz de ocultar os barracos que se veem reluzentes

nem a imensa parcela de pobreza

que ademais

é possível observar.

De dentro de casa,

com nossos problemas e alegrias individuais de família

e de sociedade,

tudo é mais tranquilo.

Não se observa tamanha agitação feroz

e letal,

nem o tráfico,

nem as mortes,

nem os hospitais de vida e morte

que se imaginam

ou deduzem-

-se olhando o trânsito

entre os defeitos e o lusco-fusco lustro das telhas e das lonas.

Lá sentado, olhando o céu,

não se vê o que se enxerga ao contrário,

imensamente a cidade dissolvendo-se em desorizonte e

caos. Nem se imagina como é grande o problema,

entremeio nossa opinião pequeno-burguesa

sobre as mazelas sociais.

Não se vê nada.

Esse bando de medíocres egoístas que nós somos

e que pouco parece pensar!

Esse bando de cristãos

hipócritas

férreos

que acreditam que em razão de uma mísera esmola

vão vir pro céu!