CRONICA DO BRASIL ERRÁTICO

Firo o vernáculo com o seco verso, reto e reverso.

Sou elíptico, cú de rato, e exerço pueril controvérsia

sobre o poema concreto. E porque subscrevi as atas

da juvenil e esquerdista jornada, meus companheiros

de chofre, me deixaram de fora do assalto ao Estado.

A soldo do Bicho, o juiz togado nunca perde o decoro.

Do político brasileiro, não há o que se falar.

Apenas: Esconda-se a chave do publico cofre.

O lixo cultural, é feito em rica “cultura nacional”

sob os auspícios dos mestres da Tropicália.

E há a mãe que enterra um filho vivo, sem

um pingo de choro. Os abades, devoradores

de frango, pontificando contra a camisinha e o aborto

só fazem aumentar a incidência da AIDS

e de mulheres mortas por clandestinos açougueiros.

Há a bala perdida que só em gente honesta acha pouso.

Pois, nada resta para espantar, ou para subverter a consciência

e o destino deste tempo. Só corar acre e sisudo

vetusto e continental, desde aqui até os Açores

e hasta Paramaribo. E ficar lancetando a corrosiva

duvida entre o morrer e o perder-se na vida.

Ricardo S. Reis

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 11/05/2007
Reeditado em 11/05/2007
Código do texto: T483361