CRONICA DO BRASIL ERRÁTICO
Firo o vernáculo com o seco verso, reto e reverso.
Sou elíptico, cú de rato, e exerço pueril controvérsia
sobre o poema concreto. E porque subscrevi as atas
da juvenil e esquerdista jornada, meus companheiros
de chofre, me deixaram de fora do assalto ao Estado.
A soldo do Bicho, o juiz togado nunca perde o decoro.
Do político brasileiro, não há o que se falar.
Apenas: Esconda-se a chave do publico cofre.
O lixo cultural, é feito em rica “cultura nacional”
sob os auspícios dos mestres da Tropicália.
E há a mãe que enterra um filho vivo, sem
um pingo de choro. Os abades, devoradores
de frango, pontificando contra a camisinha e o aborto
só fazem aumentar a incidência da AIDS
e de mulheres mortas por clandestinos açougueiros.
Há a bala perdida que só em gente honesta acha pouso.
Pois, nada resta para espantar, ou para subverter a consciência
e o destino deste tempo. Só corar acre e sisudo
vetusto e continental, desde aqui até os Açores
e hasta Paramaribo. E ficar lancetando a corrosiva
duvida entre o morrer e o perder-se na vida.
Ricardo S. Reis