Na tela da minha sala
Na tela da minha sala
Transparece todo dia
O rosto de um país doente
Que não tem mais democracia
Violência, roubo, rombo
Morte à mingua, carestia
Na tela da minha sala
Sempre falta o pão
Falta justiça, educação
Na tela da minha sala
Cada dia uma dose, então
Sem perceber, captam-me
Para uma longa enganação
Que começa e termina
Com a morte desta nação
Na tela da minha sala
Nada mais posso fazer
Tudo já está traçado
Para um jogo de poder
Talvez eu vá para Cuba
Pois, o fim não posso ver
Na tela da minha sala
Nenhuma perspectiva
Há sempre uma árvore que tomba
Uma criança com fome
Um analfabeto, uma bomba
Uma vida esquecida
Na tela da minha sala