Um Belo Monte de Ilusões
De repente lá vem o homem
Querendo criar impressões
De que a energia que consome
Deve vir das vazões
Esta atitude tem nome
Montanha de ilusões
É tamanha a coragem
De desviar um rio
Construir uma barragem
Deixar para trás o brio
E dizer que é a engrenagem
Do desenvolvimento do Brasil
Aceita o inchaço e a violência
Da fauna e a flora a destruição
Nativos, sem importância
Sem importância também, todos os cidadãos
Cultura não tem querência
Diante da decisão
Ninguém sabe como vai ser
Onde ficará
Depois deste anoitecer
Até onde vai chegar
A corrida para se ter
A luz que jamais iluminará
Quem esta região viu nascer
EIA RIMA sem consistência
Exemplos de outras barragens
Deveria ser o suficiente
Para livrar-se desta visagem
Mas, homens tão inteligentes
A esta altura da humanidade
Não sei onde encontra coragem
De compactuar com esta maldade
Não tem adiantado oração
Nem esclarecimentos
Nem inundação
Parece mesmo um esquecimento
Dos princípios da criação
Um forte aborrecimento
Ou mesmo uma maldição