HAVIA...

HAVIA...

Havia uma floresta densa e verde

Que o vento balouçava de caminho

Num gesto de quem ama e nunca perde

De dar, sempre que passa, o seu carinho.

Havia um bando de aves, o chilreio

Que mergulhava o espaço em melodia;

Um rio de águas claras pelo meio

Entoando outra canção em sintonia.

Havia um campo vasto onde a semente

Crescia pela força do seu chão;

Apenas chuva e sol como presente

E dando com amor um fruto são.

Havia um céu azul onde as estrelas

À noite cintilavam com esplendor;

E as nuvens recortavam entre elas

Os quadros deslumbrantes de um pintor.

Havia um Mundo-Terra que girava

A namorar o sol, em estado puro;

E todo o ser vivente então achava

A Terra um paraíso, com futuro.

Porém chegou o homem. Inconstância

Em gestos que eram ódios… ambições...

A fúria desmedida e a ganância

Que tem o alvo posto nos cifrões!

Atira-se à floresta, faz o corte

Destrói a bel-prazer e negoceia...

E sem notar que traça a própria morte

O que inda dela resta, incendeia!

Nessa ambição-loucura que o anima

Conspurca o céu azul, o ambiente...

As cores viram cinza, muda o clima

O rio vai poluído na corrente...

Por via de um pensar que é tão pequeno

Agora em toda a parte o perigo espreita;

Os frutos são colhidos com veneno

E o homem sofre efeitos da maleita.

Das fábricas se eleva o negro fumo

Sem respeitar limites, convenções...

Depois o nuclear… piora o rumo

Desastres que mutilam multidões!

Ó gente que em postura tão nefasta

Destrói sem ter noção desse valor!

É tempo de parar, de dizer basta!

Ficando a Terra um ermo, pobre e gasta

Teremos nossa noite sem alvor…

Joaquim Sustelo

(editado em "OS MEUS CAMINHOS

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 21/08/2007
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