CONTRADIÇÃO INVERTIDA

Nunca encontrei, neste mundo, quem se servisse do contraditório. Todos os que passaram por mim são exímios em tudo o que fazem.

E quanto a mim que sobejo dos dias aquilo que é medíocre, indesculpavelmente inerte e intolerantemente visceral?

Tive, muitas vezes, paciência sobre o ridículo; tenho, tantas vezes, zelo pelo absurdo, pelo exagero, pelo exibicionismo e pela contradição.

Será que isso faz de mim um ser amante da vilania, do degradante, do indigno; um tirano?

Devo ser louco, só pode! Ou, apenas, um ponto fora da curva.

Às vezes, introspectivo, confesso.

Calo-me, tantas vezes, diante dos louvores que se dão às excelências desses semideuses.

Covardia? Talvez! Talvez, não queira ou não possa competir.

A perfeição daqueles que deveriam ser meus semelhantes (e não o são), de fato, emudecem a minha modesta voz de “inutileza”.

Não, não posso titubear! Preciso continuar fiel à minha conduta maculada.

Serei vil; integralmente ordinário, absolutamente real e legítimo!