Desumanização
A dor me arrebata
Adormecendo meus sentimentos
Tudo que não fortalece me mata
A dor é intensa a todo momento
E você diz que devo ver o lado bom das coisas
Que devo aceitar a degradação das relações humanas
Mas não posso, o capital deturpa o que sentimos
Se sou só eu que vejo isso, me chame de louco
Quem sabe aos poucos eu também fique inerte
E aceite com bons olhos a frieza da guerra
Pois nós, como besta-fera, seguiremos nossos instintos
Mas há o sentimento, instintos não podem substituir isso
Mas há também o consentimento, de fingir que tudo está bem
Se está bem, me mostre por favor, pois não vejo
Se não vejo, estou cego, estou vivendo de desilusões
Desilusões fartas, a realidade me cansa, quando na verdade
A realidade deveria me indignar e confesso que estou
Estou indignado com tanta frieza, tanta insensatez
E mais uma vez digo, estamos vivendo de instintos
Suprindo em cada comercial de TV o nosso consumismo
Somos hoje o que temos e não o que somos
Pois o que somos, pouco importa, mas o ter...
Ah o ter... Isso que importa, isso que vale a pena
E eu, infelizmente faço parte dessa corrente
Quem não faz?
Olho para meu smartphone, meu computador
E a dor se espalha por toda minha consciência
Se pelo menos tivéssemos um pouco de decência
Muitos não morreriam de fome...
E me revolto comigo mesmo, me entrego ao desprezo
Sentindo todo o peso da indiferença
E cada vez mais longe da decência
Percebo que sou mais um que vive dominado pelo instinto
E sabendo disso, me levanto da minha cadeira
Cansei de ter, realmente cansei
Queria ser, mas a máscara da globalização fundiu-se a minha pele
E por mais que eu negue, a guerra ainda é um grande negócio
A raça humana abandonou o ócio e aprendeu a matar
Matam seus semelhantes por qualquer ideologia
E a fé que deveria unir corações e mentes em nome da paz
Hoje é vendida também por quem pode dar mais...
Ouvindo The Cranberries - Zombie