O morro

Lá no morro,

Onde o poeta esquece o asfalto

Se inspira na alegria reprimida pela pobreza

De uma vida de correria e sobressaltos

Há quem consiga fazer samba

E andar na contramão da natureza

Se samba é arte, não tem como parte

As mazelas sofridas, os desgastes da vida

Mas sim a busca incessante de uma luz maior

Que transforma em versos caminhos incertos

De uma gente que só quer o melhor

O melhor do que se tem direito

Que não é de ninguém, a não ser de si próprio

Não importa se nem tão perfeito

Ainda assim, toma-o sem sócio

Tantos e quantos lá nasceram e permaneceram

Encarcerados pela dura realidade

Que, longe da mínima piedade

No morro viveram

Algo impossível de viver na cidade