Operariado

Escorre suor das mãos calejadas

desses sertanejos esperançosos

que agarram o cabo da enxada

com ânimo e certeza

de se a chuva não faltar

haverá sempre o feijão na mesa.

Escorre suor do rosto do operário

numa enfadonha jornada de oito horas

para garantir no fim do mês o salário:

que mal compra a cesta básica ;

que não paga o alugue;

que não paga a escola ;

que nem parece um salário,

mas que parece uma esmola.

O jeito é virar bicheiro,

político ou banqueiro.

Quem sabe pastor de igreja.

Qualquer coisa desse gênero

desde que não fraqueja!

O suor que goteja:

das mãos, do rosto

desses cidadãos

que enriquece o patrão,

o patrão orgulhoso do que faz;

o feitor sem chicote

que açoita seu escravo,

o escravo assalariado

VALDA FOGAÇA
Enviado por VALDA FOGAÇA em 25/12/2007
Reeditado em 15/06/2023
Código do texto: T791332
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.