UM DIA HEI-DE CANTAR OS NADAS
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Um dia hei-de cantar os Nadas.
Os Nadas estão em todo o lado,
Povoam o nosso imaginário de espumas
E fazem parte da nossa existência
de pecado.
Nós pelos Nadas fazemos tudo...
Edificamos a vida em torno de futilidades
E perdemo-nos na vertigem das brumas
Da nossa inconsciência.
Um dia olharemos para as mãos
cheias de vulgaridades
e de nãos
E - com vã filosofia num esboço de voz -
confessaremos:
Dos Nadas, nada temos...
… São os Nadas que nos têm a nós!