A Minha Morte
"(...) Longe das tristes noites tumulares
Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplendor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares (...)"
(Augusto dos Anjos)
Lendo este grande poeta (conterrâneo), deu vontade de escrever sobre o que espero da morte:
Quero morrer em teus braços
E sorrir antes do teu sopro
Desfaça suavemente os laços
Quando minha alma deixar meu corpo
Eu quero, se possível, o teu conforto
Que me deixes pegar uma rosa
Quando este pedaço de carne estiver morto
Quero ver o rosto dessa gente chorosa
Uma coruja anunciou
Tu vens pelo sul ou pelo norte?
Não quero sentir a dor,
Querido Anjo da Morte!
Vê que tentei dar amor
Em toda esta vida
Aqui todo mundo é sonhador
Mesmo com a dura lida
Leva-me como uma pluma
A vagar pelo universo
E que eu apenas durma
Tua espada seja breve, peço
Quando o fio de Antakarana
Tu romperes - o fio de prata
Esteja eu sorrindo na cama
E a ti eu seja grata!
Não venhas agora, ainda estou forte
Que me prepares para tua chegada
Planeja bem a minha morte
Como nasci, desejo partir abençoada!
Segura nesta hora a minha mão
O meu corpo moribundo
Quero ver de lá, de outra dimensão
E dando adeus a este mundo
Vem ao meu encontro tirar-me do sofrer
Porque este, normalmente, é o teu proceder
Como Virgílio ao lado de Dante, quero conhecer
Passar pela morte sem a alma perecer
Porém, empresta-me mais um tempo
Tenho algo ainda a fazer
Diga ao mestre no templo
Vou aproveitar os dias antes de morrer