Caos

É tão densa essa dor

Que no final das contas

É mais consoladora que o amor

E deixando de lado frases prontas

Quero chorar sem nenhum rancor

Não nasci, fui arrancado do útero materno

Ao abrir os olhos não chorei, não sorri

Fui arremessado em um inferno

E do muito que aprendi

Nada de bom levei do lado paterno

Meu pai era uma negação

Não que eu tenha que julgar

Estava ausente na minha concepção

Talvez presente só de corpo, mas a vagar

Embriagado, frívolo como um ladrão

Sim, o abandono hoje é meu companheiro

A solidão meu abrigo profundo e escuro

Laços de sangue somente, mas nada verdadeiro

De sete meses surgi, assim tão prematuro

Doado com boa intenção para o inferno derradeiro

A intensidade da dor, contamina a existência

A saudade do seio materno castiga

Só sobrevivi até agora com muita insistência

Sobrecarregado, sinto a Morte como amiga

Cansado de cruéis benevolências

Contra o punhal minha existência periga

Queria que fosse só poesia

E que ao acordar houvesse esperança

Mergulhado no inferno da ausência de alegria

A medida final, apresenta o fim no pender da balança

E só a sensação de morrer me traz ainda euforia

Observação: É difícil estabelecer a natureza de Caos, pois ela sofreu várias interpretações e mudanças. Inicialmente era tido como o ar que preenchia o espaço entre o Éter e a Terra, mais tarde passou a ser visto como mistura primordial dos elementos.

Seu nome tem origem no grego que significa "separar", "ser amplo". Significando o espaço vazio primordial. O conceito que conhecemos hoje, de desordem, confusão, só seria atribuído a divindade mais tarde, pelo romano Ovídio.

Informação retirada do site InfoEscola.

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 24/12/2018
Reeditado em 24/12/2018
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