Corvos...
Quando suas negras asas agitam
Sobrevoam os céus que lhes sustentam
Alguns os veem como aves agourentas
Outros as chamam de benditas
E quando um sobrevoa o triste céu
Agitando a noite que lhe abraça
Não é apenas mensageiro da desgraça
Nem tão pouco sempre traz o fel
E sigo seu voo pelo espaço
Torcendo que pouse no meu jardim
Mesmo que veja nisso triste fim
É na dor que alívio meu cansaço
Ali sobre o busto de Minerva pousou
Aquietou-se sem ao menos duvidar
Que o amor a tudo pode curar
Ou eternizar as bênçãos de quem amou
E por séculos e séculos eterniza
Perpetua no imaginário popular
Mais que uma simples ave vulgar
Suplanta aquele que te escraviza
E se trancado em berço de maldição
O Corvo com isso não se contenta
Inspirando a dor que arrebenta
Com força dilacerando um coração
Em suas revoadas fazem o povo refletir
Assustando como ave agourenta
Tira da superstição a dor que não sustenta
E deixa o coração ferido partir