Desértico

O silêncio dos seus desejados lábios

Ecoa dentro da minha interna desertificação

Seco, vazio por dentro, morto me fiz

Reduzi a um nada o que sobrou de nós

Que após alguns anos, provou

Provou que nada é eterno para sempre

Esse silêncio ríspido me agride profundamente

Você se esgotou em mim e hoje sou passado

Mas seus lábios poderiam gritar

Deveria gritar para que a vida se tornasse vida

Vida de verdade, não aquela vivida de aparências

Seco, sem um nada de tudo que havia

Pensei passado e futuro, esqueci do hoje

Pois é o hoje que tem importância

Tudo acontece dentro do hoje

Mas hoje, estou vazio e seco

Sou um deserto de emoções perdidas

Um cemitério de hojes sacrificados

Sepultados na esperança de um melhor futuro

Mas o passado, a tudo deformou

E nenhuma linha de esperança tenho

Tenho pena apenas das tragédias que provoquei

Da culpa que não me abandona, persiste

Teima em me agredir com seu silêncio

Sendo meu interior seco e vazio

Clamo a Morte que não tenha pena

E com sua força plena, me arrebate

Me tire da falsa vida, da falsa esperança

Pois quem morre por dentro, sabe

Entende que morreu para o exterior

Seu silêncio ecoando dentro de mim

Devasta o que restou de esperança

Deixando em seu lugar um vazio

E a Morte como herança

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 08/07/2019
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