Preso a cama

Me apavora não sentir minha alma

Assim espero que eu possa ter uma

As vezes acordo agitado e nada me acalma

Desejo e espero que essa tristeza suma

Nem todos os dias posso acordar feliz

Sentir que estou completo e realizado

Fico pensando nas coisas ruins que já fiz

E meu coração louco fica agitado

Não existe perfeição na condição humana

Meus erros são tantos que não posso enumerar

Acordo, mas fico rolando em minha cama

Esperando que meu ser possa se acalmar

As horas passam e fico no leito agonizando

Cada segundo é uma eternidade de sofrimento

Abandonar a vida, parece que estou gostando

E pensamentos cruéis me destroem por dentro

Grito por dentro, tentando pôr para fora

Mas meu grito é mudo e o sofrimento ignora

No leito mortal estou preso e agora

Não adianta fugir, nada sinto lá fora

E o mundo agitado a minha volta

Segue seu frenesi como sempre deve ser

Mas minha imobilidade aos poucos me escolta

Para os braços da Morte que eu penso merecer

E como uma musa inspiradora ela me fascina

Sussurra palavras doces para poder me seduzir

Com palavras duras essa Morte me ensina

Que viver demais é deixar de reluzir

E no leito ainda preso em desconforto

Tento fugir de velhos e cruéis pensamentos

Coloco um pé no chão frio a contra gosto

Quem sabe assim eu reviva bons momentos

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 22/07/2020
Reeditado em 22/07/2020
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