A Noite Mais Escura

Dorme no peito uma esperança que já não é minha

Em cada parte do meu corpo sinto uma tristeza

A esperança quase morta, infeliz, dorme sozinha

Pois a insônia que sinto, não me permite ver a beleza

Dos passarinhos que voam livres pela imensidão

Estou morto, morto em vida, não consigo respirar

Essa dor que é só minha, ninguém sabe a dimensão

A vida como tem sido vivida, não consegue me encantar

E por isso um dia levarei aos extremos e tudo vai terminar

Alguns dizem que basta para o lado olhar e contemplar

Mas quando para o lado olho, só consigo me espantar

Não tenho como sorrir, pois por dentro estou morto

E se alguns dizem que eu estou louco, deixo falar

Os amigos verdadeiros, tentam me incentivar

Pedem que eu de uma chance para vida e comece a respirar

Só que quando ficamos muito tempo na escuridão

Não temos mais como escapar, a dor é mais forte

Tão forte que eu só vejo a hora de tudo terminar

E se terminar naturalmente, será um doce presente

Se terminar por minha vontade, a vontade será minha

Ah essa é a noite mais escura que já vivi, eu juro

Até esconjuro esse breu, essa grande maldição

A noite me cobre como um denso cobertor

E todo amor que chega, foge pelo estreito corredor

Esse corredor estreito é a imensidão da minha vida

É um lugar de sombras densas onde choro minhas feridas

Existem lacunas no meu tempo e espaço

Apesar de parecer vivo, é na morte que renasço

Não adianta explicar, os abismos são tantos

Tantos que eu gastaria uma eternidade tentando suplantá-los

Não vejo salvação, nem, deuses e nem demônios

Respiro o vazio que me preenche com um nada de mim mesmo

E se morrendo estou, que a Morte não tenha pena de mim

Que chegue logo o fim, para dessa escuridão eu me ausentar

E quem sabe por sorte, do outro lado haja luz a brilhar

Ouvindo Sopor Aeternus & Emsemble of Shadows, música In der Palästra

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 19/09/2020
Código do texto: T7067407
Classificação de conteúdo: seguro