Nordestino

Nordestino

A sombra do umbuzeiro na vastidão da caatinga era como um grande pano de renda cheio de enormes buracos, pelos quais passavam restias de sol.

O chão do tabuleiro a tremeluzir desfocando os galhos de marmeleiros, angicos e outras arvores da caatinga. Nem mesmo uma nuvem no céu, só o vento a levantar a poeira amarelada por entre a vegatação raquítica do meu sertão.

Depois de três ou quatro dentadas na rapadura e uns goles de água da cabaça, vai afrouxando o rabicho da alpercata de sola e dá uma lezeira danada no corpo e na cabeça.

Lá de longe chega o canto da juriti de debaixo de uma bariguda com seus galhos esbranquiçados e o tronco volumoso que lembra os moleques desses confins de mundo, com o bucho quebrado ou como e sertanejo diz; "hisdropi".

Já passa um bom bocado do meio dia porque a sombra do umbuzeiro já esta toda de um lado só, já é hora de começar a labuta de novo.

Se Deus ajudar que a chuva não demore e que seja com fartura, logo vai dar prá plantar uns corocinhos de milho e de feijão, ai quem sabe eu não esqueço aquela cidade grande, prá onde já foi quase todo mundo por aqui.

Texto do llivro Versos Partidos (inédito)