MATUTO EM EXTINÇÃO

Uma coisa está difícil

De se vê na região:

Um matuto verdadeiro,

Um caipira do sertão!

Matuto falando “ôcê”,

“drumí”, “tiquim”, “meidia”,

“assonoite" eu mim lavei

e "minxuguei" na "rudía”.

Matuto falando “oxente”,

“pruquê”, “ prumode”, “prudonde”.

Respondam-me onde existe

Um matuto desse — onde?...

O que vejo — digo a vocês —

É a MODERNIZAÇÃO;

“matuto” falando inglês,

Pelas brenhas do sertão!

“Matuto” falando “ok”,

“hamburger”, “stop”, “play”,

“close”, “shopping”, “rock”,

“e-mail”, “futsal”, “replay”.

“Matuto” n’smartphone,

Ligado no Facebook,

Nos grupos de WhatsApp,

Postando seu novo look!

É “matuto” usando brinco,

Usando calça apertada,

Com pranchinha no cabelo

E com as unhas pintadas.

Suas mãos são delicadas,

Não tem a marca contida

Dos calos, dos arranhões...

A marca rude da lida!

Não sabe o que é uma enxada,

Não sabe o que é um facão,

Não sabe o que é uma boiada

Nem sabe o que é um baião!

Nunca usou chapéu de couro,

Não sabe o que é um gibão,

Não sabe laçar um touro

E derrubá-lo no chão!

Eu cheguei à conclusão:

neste solo brasileiro

(sem sombra de imitação)

o matuto verdadeiro

Ele está em EXTINÇÃO!