Poemeto minha vocação

Em setenta e quatro fiz

O meu primeiro repente

Cantando ao som da viola

Eu conquistei minha gente

Dizendo versos bonitos

Numa toada plangente

Bem jovem ledo e robusto

Eu começara a cantar

Já sentindo a vocação

De poeta popular

Tentava fazer repente

Pro povo humilde gostar

Meu povo humilde e sincero

Me escutava com amor

Aplaudindo meu repente

Com carinho e com fervor

Dizendo o menino versa

Como grande cantador

Como bardo debutante

Eu poetava contente

Vendo a plateia empolgada

Vibrando na minha frente

Eu me inspirava tão bem

Que não faltava repente

Minha humilde clientela

Sentira grande prazer

Em ouvir verso perfeito

De quem tinha o que dizer

Eu como principiante

Lutava para crescer

Em Malhadinha encetei

A vida de repentista

Lendo e tocando viola

Fui crescendo como artista

E sem saber que depois

Eu virava sonetista

Eu fui contra a lealdade

Do meu belo genitor

Pois meu destino quisera

Me fazer bom cantador

E não permitindo nunca

Que eu fosse um mau doutor

Como Pinto do Monteiro

Segui minha vocação

Deixando o banco escolar

Pela nossa tradição

De repentista sensato

E menestrel do sertão

Devo tudo a minha tia

Minha mestra e literata

Defensora da cultura

Figura nobre e cordata

Que fez de mim um artista

E famoso autodidata

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 19/05/2021
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