Minha casa

Ninguém me viu,

Mas escapei lentamente

Pela discreta porta dos fundos.

Ouviram passos que esmaecem

Como as sombras caindo das árvores.

Olharam tristes por todos os cômodos

E já não estava lá.

Longe, no esquecimento.

Alguém deve ter dito:

"Que maroto, esse poeta".

Alguns pensam que brinco...

Sorrio com alegre engodo que preparo:

Não volto mais...

Só os meus filhos sabem que estou

Bem perto deles, no entre-canto do quarto.

Ali, onde há segredo e oculto.

Imagino olhos longos para a porta.

Imagino frases leves e soltas no meu dia.

Se me calo, hoje...

Minha voz ressoa por todos compartimentos

Giro de braços abertos e não fico tonto.

Fico chuva e fogo vivo.

E uma palavrinha vermelha

De repente, brota no corredor da sala.