Dualidade

Carrego dentro de mim dois altares:

Num, ara dos meus sacrifícios, arde

A dor do meu amor ido além mares;

No outro, um círio é meu sol da tarde...

Em cada um, meus desejos eu deponho:

No lençol da noite, deito pagã

E acordo sob um sol que me faz sonho,

No linho, onde dou-me na manhã...

Entre o profano e o céu eu me parto,

Dançando ora ao som de pecados,

Ora em compasso da bendita lira.

São meus altares, onde eu me reparto:

Aos anjos, me concedo aos bocados;

Ao diabo, só o que de mim me tira...