Liberdade de Fim de Tarde
Quando uma música tocar,
você deve parar para ouvir.
São esses sons amedontrados
Que transfiguram um coração
Desnorteado, sem motivo,
Esquecendo a quantidade
Medindo certo em copo errado
Com nome estranho: liberdade.
E se cada prazer da vida
Traz consigo uma moral
Toda coisa desinibida
É sandice de carnaval
E se tudo que é "importante"
Não entrar na sua cabeça
Corre despressa, abre a esteira
Espera pela chuva de quem tem sede
Escondendo memórias atrapalhadas
Que te seguem nessa estrada
Mesmo que você não queira prosseguir.
Mas a vida é sua: ata a rede!
Que a cama está muito quente a esta hora
E se o sonho em si demora
Tem pássaro negro atrás de ti.
Mas não chores, é boa a hora
Que austera é a nuvem que nos sonda
No entanto desse barco a gente não tomba
Que não há boto por aqui.