Tua mágoa era comigo, mulher.

Foste conhecer tuas netas, mulher?

Estiveste tão perto

que poderías, por certo

ter feito o que tua neta mais quer.

Quantos anos passaram?

Quantas chances tiveste?

Ainda lembro os olhinhos brilhantes

daquelas meninas esperando por ti

lembro das lágrimas incessantes

a cada desilusão da tua ausência.

E agora estiveste alí,

a duas quadras de vê-las, era só tu querer

e de novo deixou-as sofrer

a ausência da avó?

Tua mágoa era comigo,

que nunca fora bom filho, amigo.

Mas erraste ao fazer sofrer

meu maior bem querer,

duas meninas que hoje cresceram

e jamais esqueceram

de rezar por te ver.

E poder conhecer

a mulher que eu tento esquecer.

Hoje minhas filhas cresceram

estão adultas, adolescentes

mas ainda carentes

do carinho da avó

e o beijo guardado

ficou emaranhado

numa lágrima que cai,

no soluço de um choro,

e suas palavras, em coro:

Não foi nada, papai.

Muitos que leem o que escrevo,

acreditam que me atrevo

a criar a tristeza.

Mas tenham a certeza

que escrevo o reflexo

de um espelho quebrado,

que reflete o passado

que eu não soube viver.

E escrever sobre isso

renova o compromisso

de nunca esquecer

de dar a minhas filhas

a família

que eu não pude ter.

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 24/10/2008
Código do texto: T1245346
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