Testamento de mim.

Fiz um testamento de mim,

e me doei assim,

em vida.

Doei quase tudo de mim,

só não doei, enfim,

o que não podia doar.

Meus olhos, com óculos e tudo

para algum sortudo

que voltasse a enxergar.

O fígado e o rim,

que os tirem de mim

para quem precisar.

O estômago, esse ser tortuoso,

para qualquer guloso

dele aproveitar.

Até o pulmão quis doar,

um pulmão vacilante,

pulmão de fumante

que nunca soube parar.

Só não doei meu coração,

pois o levo na mão,

para sempre te amar.

E não ia adiantar,

ele iria parar

em outro corpo, longe de ti.

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 18/11/2008
Código do texto: T1290862
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