SEM RINITE OU CEBOLA

Já deixei de poesia na vida real;

fiquei mais terreal, afundei neste chão

as raízes dos pés que tentaram voar;

fiz coar o que sou de quem ponho nas pautas...

Essa coisa de amar como quem despetala,

feito bala de afeto que a boca derrete,

lua toda melada entornando no céu,

é papel que a caneta interpreta na mão...

Afastei o poeta na hora do homem;

ninguém mais será musa, no máximo a meta

do meu sonho de alguém que chamarei de minha...

Será tudo sem juras nem juros além

desse bem que se quer com leveza e limite;

sem rinite ou cebola cortada no adeus...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 25/01/2009
Código do texto: T1404105
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