Flores do engano

Aquelas areias enganosas

dos naufrágios passionais,

são como caules das rosas

sem flores que digam ais,

mas murmuram seus perfumes

tantas noites de soledade,

antes de perderem seus lumes

e serem flores de verdade.

Mas dessas flores enganosas

teve uma a querer-me louco,

vestida com pétalas rosas

enganou-me, mas por pouco;

queria apenas ser mais bela

que todas as desse jardim,

escapei sem dar mais trela,

agora cultivarei só jasmim.

Mas que bela é a estrelícia,

na dela sem dar tremelique,

simplicidade é ser tão chique

sem provar a própria delícia,

que é um mal vício solitário,

mesmo ao estímulo alheio,

enquanto o amor mais vário

sempre é para bom recreio,

nessa hora tão cibernética,

a mulher sempre é mais digital,

no vinte centímetros da métrica

o homem ainda é manual.

Quem assim se satifaz

de outra forma realiza

aquele que outra pele alisa

por ser no amor mais capaz?

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 17/03/2009
Reeditado em 21/07/2020
Código do texto: T1491447
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