Cálice de Sangue
Vive vagando, rastejando nesta Terra;
Querendo sangue fresco.
Saciando sua sede de fera,
Empestenando os teus medos.
És Besta, és anjo; és vampiro.
E na penumbra, da face macilenta,
Esconde-se no teu íntimo, um suspiro.
Murmúrio infernal, cantoria horrenda!
Do tumúlo, faz-te tua casa.
Do escuro, faz-te tua arma.
Da Cruz, faz-te teu medo,
Da luz, faz-te lampejo!
Do sabor da carne, se embriaga,
Do sangue se sacia.
Crava teus dentes, na dama desesperada.
E no cálice, ritualiza.
A morte, desconheces.
O amor, tu procura.
E mesmo assim fizestes,
Na noite escura?
Oh, anjo mau!
Ofereço-te meu sangue!
Belo infernal,
Beleza infame!
Cravarei-te uma cruz,
Levarei-te ao inferno!
Mostrarei-te a luz,
A luz do meu inverno.
Tu, que és Satã,
Sabeis que a vaidade,
Te vencerá amanhã?
Não morrerás na falsidade?
Nem mesmo os meus anjos,
Nem mesmo as minhas bestas,
Sonham sonhos em pranto,
Aconteça o que aconteça!
Na noite de Lua cheia,
A besta se levanta,
Encanta a beleza,
E a morte se espanta!
Não serás um sonho, um devaneio?
Não foras apenas, um grande desespero?
Lúcifer, o arauto Do senhor!
Vens á nós, espalhar o terror!
E quando, no cálice derramastes ;
Teu medo, teu sangue, tuas entranhas,
A vida do amor, tu matastes,
Da maneira mais estranha!
És besta, és anjo caído!
És fera, demônio alado,
E nunca terá desaparecido,
O monstro que outrora fora calado...
Saboreando o vapor do sangue vermelho,
Olharás, por fim na tua morte,
Descobrirás o que se esconde,
Por detrás daquele espelho!
És anjo mal, arauto de Satanás!
Traz contigo, o genocídio;
Encravas teu afiado canino,
E na eternidade viverás!
Sois fera, fois-te homem.
Sois besta, fois-te jovem!
E na beleza da tua face,
A beleza da morte nasce!
Sois vampiro, sois um diabo!
Caça tuas vítimas, com olhar satânico,
Olhar de besta, de dor em pranto!