GritoTriunfante
Meu irmão, minha irmã!
É fim de ano, é Natal!
Eu queria lhe desejar Feliz Natal
Mas não posso.
Caminhei pelos frios subterrâneos
Da minha consciência,
Desvendei labirintos escondidos
E descobri o óbvio ululante:
O que todo mundo vê, sente,
Mas, ninguém se atreve
A dar o grito triunfante.
Eu vi crianças chorando famintas
E morrendo à míngua;
Eu vi um oceano de misérias
Banhando meu povo,
E no meio desse oceano
Ilhas fantásticas, maravilhosas
Triunfais, verdejantes.
Eu vi o Nordeste sucumbir
À espera de uma prioridade invisível
Eu vi riquezas fabulosas
Nas mãos de um só homem,
Enquanto milhares são subalimentados ou morrem
Por um “simples fato” entre aspas:
Não comem.
Eu vi cruzeiros, iates estupendos
Esbanjando riquezas colossais;
Eu vi homens poderosos comandando a guerra
E na frente das câmaras eletrônicas
Falando de paz.
Ao lado de casebres que se apagam
Tal que vela ao vento
Eu vi casas elegantes, palácios, mansões;
Eu vi o trabalhador ganhando salário mínimo
E marajás, na política, na justiça (?)
Ganhando milhões.
Eu vi uma natureza pródiga,
Um país gigante, campeão:
Maior área cultivável do mundo,
Maior safra, maior rio,
Maior crescimento econômico,
Oitava economia...
E o lavrador sem um pedacinho de terra
P’ra ganhar o pão.
Eu vi um gigante adormecido.
O país do futebol, do carnaval,
Do futuro, da esperança;
Eu vi um povo que não se cansa;
Heróico, lutador, resistente e bravo,
Que um dia poderá dizer como o Dragão do Mar:
“Neste porto não entra mais escravo”.
Aí então, meu irmão, minha irmã:
Eu lhe desejarei Feliz Natal;
Sem mercantilismos, sem falsas mensagens,
Sem interesses mesquinhos
Pois não bastam palavras bonitas,
Cartões coloridos
E o povo perdido no caminho.
Referência bibliográfica:
NAPOLEÃO, Nicodemos Gomes. Sonhos e Emoções. Fortaleza: Gráfica União, 2003, p-21